Minhas excentricidades

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Serguéi Eisenstein

"Do sublime ao grotesco não há mais que um passo."

Bilhete do suicida Maiakóvski

Apesar de ser trágico, esse texto é lindo... Apaixone-me por ele...

"A todos
"De minha morte não acusem ninguém, por favor, não façam fofocas. O defunto odiava isso.
"Mãe, irmãs e companheiros, me desculpem, este não é o melhor método (não recomendo a ninguém), mas não tenho saída.
"Lília, ame-me.
"Ao governo: minha família são Lília Brik, minha mãe, minhas irmãs e Verônica Vitoldovna Polonskaia.
"Caso torne a vida delas suportável, obrigado.
"Os poemas inacabados entreguem aos Brik, eles saberão o que fazer.
´Como dizem:
caso encerrado,
O barco do amor
espatifou-se na rotina.
Acertei as contas com a vida
inútil a lista
de dores,
desgraças
e mágoas mútuas.´
Felicidade para quem fica.

Vladímir Maiakóvski
12/IV/30

domingo, 30 de maio de 2010

O porquê de Exoticamente (nada) Perfeita!

Nunca me atentei a me descrever de uma forma única... Sempre me vi de uma maneira diversa... Multiforme, sim! essa é a palavra! Jamais tentei me encaixar em um padrão... Padrões são chatos, estereótipos são tão COMUNS... Aff... Existe coisa mais insuportável que ser chamada de comum??? Gosto de ser diferente... Sou o bichinho estranho da família... Gosto quando as pessoas me chamam de ímpar, diferente excêntrica, singular... Até minha personalidade já adquiriu ares exóticos... Acho que a combinação do diferente, inusitado e simples é o que me torna tão EU... rsrsrs...
Mas voltando ao porque de exoticamente (nada) perfeita!, essa definição me veio através de um 'elogio' de minha mãe... rsrsrs.. Ela gostaria de ter uma filha com gostos mais conservadores, discretos e não tão complicados... Daí, ela tem essa figura como filha, que coloca uma galocha roxa, uma camiseta amarela e sai na rua achando que tá tudo beleza... rsrsrrs... Ela já se acostumou e já parou de me chamar de estranha... rsrsrsrs... Segundo ela, é mais fácil me encarar e me descrever como EXÓTICA!!! rsrsrs... Enfim, quando decidi criar o blog (sugestão de um amigo, tão maluco quanto eu, - Mark, te amoooo- para postar meus textos), lembrei-me de minha mãe... Por isso o endereço de meu blog é Exótica e perfeita, em contradição ao nome do mesmo Exoticamente (nada) perfeita!... Porque nada é tão contraditório a si quanto nós mesmos... (Parece até um trecho de Camões '... se tão contraditório a si é o mesmo amor?')... Espero ter mostrado a essência de mim mesma... O contraditório tão perfeito e exótico que habita meu ser... Apesar de nada ser perfeito e tudo ser exótico...

Quem sou EU????

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."
Clarice Lispector...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Você

Queria ver teus olhos,
E saber tua cor favorita,
Enxergar além de teu corpo,
Provar tua essência...
Abster-me de qualquer juízo
Para conhecer-te
E ao conhecer-te
Descobrir-me enfim
No calor de teus braços,
na magnitude de seu olhar...
No sabor de seus beijos...
Quero perder-me em ti
E nunca mais encontrar-me...
Creio ter perdido o rumo de mim mesma...
Mas a renuncia do que creio ser eu,
me afirmará o que de fato sou...
Exoticamente (nada) perfeita!!!

Dan Lima

domingo, 9 de maio de 2010

Ao historiador: É necessário ver além do visível

às vezes nos atentamos demais ao que nos é visível e nos esquecemos que toda obra é passivel de subetividade. à exemplo, escrevo sobre historia de gênero no século XIX, porque eu simplesmente gosto do assunto, não por ter uma importancia no cenário historiográfico nacional que me impõe ou induz a escrever sobre isso, pelo simples fato de ser um 'discurso verdadeiro'.

De fato, uma das primeiras lições do curso de História é que não existe verdade... A segunda, é que não existe verdade absoluta... A terceira, é que na verdade existem várias verdades...

Pobres coitados dos 'pais da História'... Um desejava registrar os fatos para conhecimento e instrução futura ( Tucidides, se não me falha a memória) e o outro ansiava por apresentar 'discursos verdadeiros' uma vez que ele viu ou ouviu de alguém que viu (Heródoto de Alicarnasses)...

Apesar de necessitar refazer algumas leituras, creio que não me cofundi muito, caso contrário, perdoem-me e corrijam-me.

Para exercitar nossas mentes de Historiadores e nosso senso crítico, uma música que me inquietou durante algum tempo..... Vamos à análise!!!! WoW


Mulheres de Atenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas, não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Vladímir Vladímirovitch Maiakóvski

QUADRO COMPLETO DA PRIMAVERA

Folhinhas.
Linhas. Zibelinas sozinhas.

1913 (Poemas - Vladímir Maiakóvski. Trad. Haroldo de Campos. Tempo Brasileiro, 1967, p. 53)