Minhas excentricidades

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eu te amo tanto...

Eu conto quantas vezes você me diz “eu te amo”. Assim como contava estrelas, assim como contava os pássaros de uma migração, assim como contava os fósforos e os grãos de feijão para a tabuada. Espero sua pronúncia sempre. Amo quando me responde, mas amo ainda mais quando respondo. Controlo o “eu te amo” em sua boca, em seu email, em seu sms, no Facebook. E quando não vem já me conto de menos. Já me sinto menos. Já me subtraio. Não vem alegar que “eu te amo” deve ser dito somente com vontade. Eu digo bom dia para criar vontade. Eu digo boa tarde para gerar vontade. Eu digo boa noite para perpetuar vontades. “Eu te amo” puxa o amor ainda ignorado, ainda desconhecido, ainda por vir. O amor ainda insensato, ainda não civilizado, ainda desinformado. O amor que não tem nome e que já é nosso. O amor que desconhece o endereço mas vem vindo. Porque amor não é clareza, explicava meu pai Nejar, amor é claridade. Não vem alegar que exigir o “eu te amo” de volta é coagir. Faço coerção mesmo. Com todo meu amor. Amor não pede espaço, atropela. Amor não espera esmola, toma o que nem somos. Amor não tem moderação, é intensidade, que é muito mais forte do que pressão. Eu conto todos os “eu te amo” que me oferece. Um por um. Não quero nenhum “eu te amo” meu sem um “eu te amo” seu. Nenhum “eu te amo” solteiro em nossa vida.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Dia das mães

Esse deveria ter sido o meu pior dia das mães mas, pelo contrário, para mim, como pessoa, mulher, filha e mãe, foi maravilhoso. Apesar de me sentir o ser mais incompetente do mundo por não ter mais o meu bebê comigo, é uma sensação totalmente diferente. A minha percepção de quem é a minha mãe e de tudo o que ela foi capaz de abrir mão para que eu pudesse ser quem eu sou, ter o que eu tenho (um lar para voltar todos os dias a noite, uma cama quentinha e confortável, um colo pra deitar, braços para me rodear, comida gostosa e quentinha sempre que u pedir ou tiver vontade de comer, alguém para simplesmente me olhar nos olhos e me entender mesmo quando meus lábios ficam colados e calados).

Minha mãe e eu nunca tivemos muito tempo para conviver... Mas, como assim, se as duas habitam embaixo do mesmo teto???? Sempre tivemos horários muito diferentes. Lembro que quando era criança, eu via a minha mãe mais tempo na escola do que em casa. Ela era a secretária. Teve uma época que a minha mãe saia de casa cedo e eu estava dormindo e quando ela retornava, tarde da noite, eu já estava dormindo. Nos víamos então, aos domingos e feriados. 

Creio que depois dessa experiência, eu valorize mais a minha mãe, eu entenda mais a minha mãe. Uma mulher só entende de fato a própria mãe, quando ela se torna uma. 

Mãe, te amo tanto e sempre serei a tua menininha!!!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Era isso que queria ter postado

Filhos

Às vezes penso que não serei uma boa mãe.
Não tenho muita paciência com crianças mal educadas e respondonas.
Me tiram do sério. Me irritam. Me estressam.
Amo crianças de paixão, mas não sei se serei uma boa mãe.
Me acho rígida demais, por vezes.
Ora maleável demais.
Que serão dos meus filhos?
Melhor começar a aprender como ser uma ótima mãe.

Dói

Depois de quatro dias, finalmente decidi ligar o meu notebook. Me deparei com algumas coisas que não gostaria de ter visto nesse momento. As últimas páginas que abri no sábado. Roupas de bebês, moda gestante, várias e várias páginas assim. 
Na sexta-feira, tivemos a confirmação de nossa gestação, o Gio e eu. Pouco mais de meia hora, começava a nossa tormenta. Um sangramento, que a principio não era nada preocupante. Consultamos, fizemos ecografias e foi possível visualizar o meu bebê, o nosso bebê. Vi os batimentos cardíacos dele. As imagens mais lindas da minha vida.
Voltei pra casa guardei repouso, mas no domingo fomos surpreendidos por outro sangramento. Voltamos ao hospital e tivemos que retornar a noite. O obstetra que nos atendeu foi bem claro: Poderia não ter acontecido nada e também poderia não ter mais nada.
Fizemos outra ecografia na segunda, quando descobrimos que de fato não havia mais nada. É a pior notícia que um casal pode receber. Desestrutura tudo. A cabeça fica em outro lugar. Ter que voltar no obstetra pra saber se você vai ter que operar ou não é horrível. A expressão de pena das enfermeiras e das outras gestantes. Parece que todo mundo sabe o que está acontecendo com você. Quem você quer do seu lado no momento não pode entrar. Nós ficamos separados em todas as consultas, por que só é permitido a entrada de mulheres na ala obstétrica. 
Quando se perde um bebê, como nós perdemos, a última coisa que se quer é ouvir falar de bebês, gravidez, filhos, tentar novamente; Tudo que a gente quer, é o nosso bebê de volta, não outro, mas aquele mesmo que a gente sabe que não tem como.
É uma dor sem explicação, um vazio. Por três dias, nos preparamos para a chegada da pessoa mais importantes de nossas vidas e, desde a segunda-feira, nos despedimos desse serzinho tão pequeno que fez uma diferença enorme. Três milímetros. A espessura de um grão de arroz. 
Eu só queria o meu bebê de volta. Não quero palavras de conforto. Não quero escutar mais ninguém falando que podemos ter outro depois. Não suporto ver grávidas nas ruas. Não aguento ver essas propagandas de dia das mães cheias de mulheres grávidas, bebês, parturentes. Eu só queria ter o meu bebê de volta.