Minhas excentricidades

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dói

Depois de quatro dias, finalmente decidi ligar o meu notebook. Me deparei com algumas coisas que não gostaria de ter visto nesse momento. As últimas páginas que abri no sábado. Roupas de bebês, moda gestante, várias e várias páginas assim. 
Na sexta-feira, tivemos a confirmação de nossa gestação, o Gio e eu. Pouco mais de meia hora, começava a nossa tormenta. Um sangramento, que a principio não era nada preocupante. Consultamos, fizemos ecografias e foi possível visualizar o meu bebê, o nosso bebê. Vi os batimentos cardíacos dele. As imagens mais lindas da minha vida.
Voltei pra casa guardei repouso, mas no domingo fomos surpreendidos por outro sangramento. Voltamos ao hospital e tivemos que retornar a noite. O obstetra que nos atendeu foi bem claro: Poderia não ter acontecido nada e também poderia não ter mais nada.
Fizemos outra ecografia na segunda, quando descobrimos que de fato não havia mais nada. É a pior notícia que um casal pode receber. Desestrutura tudo. A cabeça fica em outro lugar. Ter que voltar no obstetra pra saber se você vai ter que operar ou não é horrível. A expressão de pena das enfermeiras e das outras gestantes. Parece que todo mundo sabe o que está acontecendo com você. Quem você quer do seu lado no momento não pode entrar. Nós ficamos separados em todas as consultas, por que só é permitido a entrada de mulheres na ala obstétrica. 
Quando se perde um bebê, como nós perdemos, a última coisa que se quer é ouvir falar de bebês, gravidez, filhos, tentar novamente; Tudo que a gente quer, é o nosso bebê de volta, não outro, mas aquele mesmo que a gente sabe que não tem como.
É uma dor sem explicação, um vazio. Por três dias, nos preparamos para a chegada da pessoa mais importantes de nossas vidas e, desde a segunda-feira, nos despedimos desse serzinho tão pequeno que fez uma diferença enorme. Três milímetros. A espessura de um grão de arroz. 
Eu só queria o meu bebê de volta. Não quero palavras de conforto. Não quero escutar mais ninguém falando que podemos ter outro depois. Não suporto ver grávidas nas ruas. Não aguento ver essas propagandas de dia das mães cheias de mulheres grávidas, bebês, parturentes. Eu só queria ter o meu bebê de volta.

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