Minhas excentricidades

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pensamentos soltos


“Há muito tempo sim, não te escrevo.

Ficaram velhas todas as notícias.

Eu mesmo envelheci: olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias

( tão leves ) que fazias no meu rosto:

são golpes, são espinhos, são lembranças

da vida a teu menino, que a sol-posto
perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes não é tanto

à hora de dormir, quando dizias

“Deus te abençoe”, e a noite abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto

a noite acumulada de meus dias,

e sinto que estou vivo, e que não sonho.”

Carta, de Carlos Drummond de Andrade

Hoje acordei triste, angustiada e resolvi escrever sobre isso. Ao abrir os olhos, o texto acima já passeava por minhas ideias, não perturbando, mas entendendo-me. De fato, há muito não produzo qualitativamente. Me aperta o peito quando leio e releio meu trecho favorito (Eu mesmo envelheci: olha, em relevo estes sinais em mim, não das carícias (tão leves) que fazias em meu rosto: são golpes, são espinhos, são lembranças da vida a teu menino, que a sol-posto perde a sabedoria das crianças.). Crescer e envelhecer são processos tão dolorosos. Um pouco chorosa, percebo que os anos caminham contra mim... Já quase aos 25 anos de idade (um pouco de exagero, pois ainda nem aos 23 cheguei), não me sinto preparada para casar, ter filhos. Não em questões apenas financeiras, mas psicológicas, emocionais. Ainda me falta maturidade. Faz pouco tempo que entendi o real significado de namorar... Apesar de serem poucas as pessoas que o compreendem e se empenham em fazer dar certo. Hoje compreendo que namorar é ser companheiro, respeitar acima de tudo, ser cúmplice, amigos... Que um relacionamento não se baseia apenas em beijos, abraços e sexo... Compreendo que para ser feliz, primeiro é necessário fazer ao outro feliz... Que a nossa felicidade depende do bem-estar do outro... Que antes de conhecer ao outro, devemos nos conhecer primeiro... Bom, eu creio que finalmente, eu alcancei um grau de maturidade que me permite começar a analisar o que é um casamento e quais as consequências disso em minha vida, daqui à alguns anos, obviamente... O fato de eu ser exótica, não significa que eu necessariamente, quero ter uma vida exótica e imperfeita, como muitas vezes me descrevo, mas uma vida normal, não dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade, mas pelos padrões que construirei juntamente à quem aceitar o grande desafio de se tornar meu companheiro... Bom, ainda tenho tempo, apesar da angustiante certeza que os dias, os anos estão se passando cada vez mais rápido e de que, quando menos esperar, abrirei os olhos e serei uma jovem senhora de 30 anos, talvez solteira, talvez casada, que tenha filhos ou talvez não... Embora morra de medo de morrer sozinha, sem alguém para partilhar minhas loucuras, desejo me conhecer o suficiente para conhecer alguém... Afinal, o amor é uma construção... Primeiro de si, depois do outro e por fim dos dois...
Exótica, imperfeita, medrosa, enfim... 

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